8 de Março: a luta continua contra a violência e pela Vida de Todas as Mulheres
No sistema financeiro, apesar dos avanços das últimas décadas as mulheres ganham 19% menos que os homens. Bancárias seguem na luta por igualdade salarial

No dia 8 de Março, celebramos o Dia Internacional da Mulher, uma data que transcende a comemoração e se torna um poderoso símbolo de resistência e luta. Neste ano, o mote "Ainda estamos aqui pela vida de todas as mulheres contra o machismo, o racismo e o fascismo" ressoa como um chamado à ação e à solidariedade. Em um contexto global onde as desigualdades de gênero, a violência e a opressão ainda afetam profundamente a vida de milhões de mulheres, a mobilização se torna mais urgente do que nunca.
Os sindicatos filiados à Federação dos Trabalhadores das Empresas de Crédito do Centro-Norte (Fetec/CUT-CN) têm desempenhado um papel fundamental nessa luta, organizando manifestações, debates e atividades que visam não apenas celebrar as conquistas femininas, mas também denunciar as injustiças e exigir mudanças efetivas. Com a união e do fortalecimento das vozes femininas dentro do movimento sindical, as trabalhadoras se unem para enfrentar os desafios do machismo, do racismo e do fascismo, promovendo um ambiente de trabalho mais justo e equitativo para todas.
“Neste 8 de março, as ruas se enchem de coragem e esperança, reafirmando que a luta pela vida e dignidade das mulheres é uma batalha coletiva que deve ser travada todos os dias”, afirma Elis Regina Camelo Silva, secretária de Mulher da Fetec. “O machismo continua a ser um entrave, manifestando-se em violência, discriminação no trabalho e na vida cotidiana. As mulheres negras, em particular, enfrentam uma luta ainda mais difícil, marcada pela interseccionalidade da opressão. É hora de unirmos nossas vozes e nossas forças para combater essas injustiças.”
Dayane Silva Machado, diretora de Saúde, Condições de Trabalho, Esporte e Lazer Sintraf-AP, parabeniza as mulheres neste 8 de março. “Que continuemos todos os dias a lutar por um futuro e uma vida melhor, que a cada dia possamos ser mais resistentes, corajosas, sábias e mais humanas. Muitas mulheres precisam ser levantadas e não excluídas, eu acredito que todas as vidas importam, também acredito em um movimento sindical mais sensato, humilde, forte, um movimento que realmente se importe com a dor do outro”, diz Dayane.
Acabar com o feminicídio
Depois da Lei Maria da Penha, promulgada em 2006, neeste domingo 9 de março completa 10 anos a Lei do Feminicídio (Lei 13.104, de 2015), que tornou o feminicídio, um crime autônomo e estabeleceu outras medidas para prevenir e coibir a violência contra a mulher e eleva a pena para o crime de feminicídio, que passa a ser de 20 a 40 anos de prisão.
Mas apesar dos avanços na legislação, o feminicídio continua dizimando as mulheres. Segundo a ONU, ao menos 85 mil mulheres adultas e jovens foram assassinadas de forma intencional no mundo em 2023. Significam 140 mortes por dia ou uma a cada 10 minutos.
No Brasil, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o número de feminicídios em 2023 foi o maior já registrado na série histórica do país: 1.463 mulheres foram assassinadas em um ano. Ele cresce também na região Centro-Norte. Somente em fevereiro deste ano, por exemplo, foram registrados quatro casos de feminicídio em Campo Grande (MS).
Além disso, em 2022 mais de 140 mil mulheres foram vítimas de violência doméstica e intrafamiliar. Dessas, 12 mil sofreram algum tipo de abuso sexual, segundo o Atlas da Violência.
“Mesmo que tenhamos avançado, ainda continuamos com números dantescos de feminicídio, de violência doméstica e organizacional. Que as mulheres marchem juntas, levantando a voz para acabar com todos esses tipos de violência e que parem de nos matar, em busca de igualdade de direitos. Por isso nesse 8 de março é importante celebrarmos a vida”, destaca Vera Paoloni, diretora da Fetec-CUT/CN, vice-presidente do Sindicato do Pará e presidente da CUT-PA.
Essa é uma luta também dos homens
Para Eliza Espindola, diretora Fetec-CUT/CN, o dia 8 de março “tornou-se um marco para lembrarmos de todas as conquistas que as mulheres, juntas, alcançaram ao longo da história. É um dia que simboliza luta, união e apoio mútuo. Mas, para que possamos seguir avançando, é essencial que os homens também façam parte dessa mudança. O próximo passo precisa vir deles: um compromisso genuíno de transformar mentalidades, desconstruir padrões e, acima de tudo, escolher não ser violentos. Porque a verdadeira igualdade só será possível quando a segurança e o respeito forem uma realidade para todas nós”.
Mulheres ganham 19% menos que os homens nos bancos
Apesar de representarem quase 47,5% da categoria, as bancárias têm remuneração média 19% inferior à remuneração média dos homens bancários, segundo estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas) realizado neste mês de março para a Contraf-CUT.
O recorte racial revela uma distorção ainda pior: as mulheres bancárias negras (pretas e pardas) têm remuneração média 34,5% inferior à remuneração média do bancário branco, de acordo com a pesquisa do Dieese.
Por conta dessa diferença, para que as mulheres negras bancárias recebam a mesma remuneração que os colegas homens e brancos, elas teriam que trabalhar num mês de 48 dias ou mais 7 meses do ano para haver igualdade salarial.
As desigualdades salariais de gênero se repetem em praticamente todos os cargos do setor bancário, mas se aprofundam nos cargos de liderança, onde elas recebem cerca de 25% menos que seus pares, e quanto maior for a escolaridade, onde as bancárias com doutorado recebem 61% da remuneração média dos homens bancários também com doutorado. Nos departamentos de TI dos bancos, a participação das mulheres caiu de 31,9%, em 2012, para 25,2% em 2023.
Fonte: Fetec-CUT/CN